O objetivo primário do manejo da via aérea no departamento de emergência (DE) é manter a patência da via aérea, dar suporte a oxigenação e/ou ventilação ao paciente.
Contudo, o manejo da via aérea no DE tem suas peculiaridades, uma vez que não se trata de um ambiente controlado, como por exemplo um centro cirúrgico. O DE na verdade é um grande delivery de via aérea difícil, estima-se que 10% das laringoscopias direta no DE se deparam com Cormack-Lehane 3 ou 4. Felizmente a falha de intubação é baixa, ocorrendo em menos de 1% dos casos.
Mas o que seria a via área difícil? Primeiramente ela é dividida em via aérea anatomicamente difícil e via aérea fisiologicamente difícil.
Uma via aérea anatomicamente difícil é aquela em que existem preditores anatômicos que apontam para uma dificuldade do manejo e garantia dessa via aérea. Já a via aérea fisiologicamente difícil é aquela em que o paciente apresenta quadro hemodinâmico ou ventilatório grave, que torna a otimização clínica do doente obrigatória antes do manejo da via aérea, exceto em casos de necessidade de via aérea imediata.
Logo, reconhecer os preditores de via aérea difícil é primordial, uma vez que permite a criação de planos de ação apropriados guiado pelo algoritmo corretor de via aérea difícil, minimizando dessa forma o risco de falha de via aérea.
Dito isso é hora de conhecer o Pentágono da Via aérea Cifícil: CRASH / LEMON / ROMAN / RODS / SMART
Mnemônico LEMON: dificuldade na laringoscopia
Ele prediz a dificuldade de visualização da fenda glótica durante a laringoscopia.
L: olhe (look) externamente
E: avalie (evaluate) com a regra 3-3-2
M: mallampati
O: obstrução / obesidade
N: mobilidade cervical (neck)
Mnemônico ROMAN: dificuldade de ventilação com bolsa válvula máscara
Ele prediz a dificuldade de ventilação, principalmente de resgate, com uso de bolsa válvula máscara
R: radiação / restrição
O: obesidade / obstrução / apneia obstrutiva do sono
M: vedação da mascara / mallampati / sexo masculino
A: idade (age)
N: nenhum dente
Mnemônico RODS: dificuldade com dispositivos extraglóticos
Ele prediz a dificuldade de ventilação com dispositivos extraglóticos, que hoje no DE podem ser utilizados como alternativa a intubação traqueal, em casos selecionado, e também em situação de resgate a via aérea ao invés da tradicional bolsa válvula máscara.
R: restrição
O: obstrução / obesidade
D: distorção ou rompimento da via aérea
S: distância tireomentoniana curta (short)
Mnemônico SMART: dificuldade na cricotireotomia
Prediz dificuldade para realização da cricotireotomia
S: cirurgia (surgery) recente ou não
M: massa
A: acesso / anatomia
R: radiação (e outras deformidades ou fibrose)
T: tumor
Mnemônico CRASH:
Prediz dificuldade no manejo da via aérea, independente da presença de preditores anatômicos. Além de exigir intervenção, no sentido de otimizar o paciente, antes do manejo dessa via aérea.
C: consumption increase (aumento do consumo)
R: right ventricular failure (insuficiência de ventrículo direito)
A: acidosis (acidose metabólica)
S: saturation (saturação)
H: hipotension (hipotensão)